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Como tem sido educar seus filhos até o dia de hoje? Como seus filhos os vêem, e como vocês se relacionam com eles? Suas atitudes condizem com aquilo que querem ensinar à seus filhos? E pergunto também aos filhos: Vocês têm observado e refletido sobre aquilo que seus pais os ensinam? Vocês conseguem reconhecer que as repreensões de seus pais são para evitar problemas maiores no futuro?

A partir destas perguntas quero falar da função dos pais como educadores cristãos na família e a importância de seus ensinos para o tipo de pessoa que seus filhos virão a ser. E para isso quero convidá-los a abrirem suas Bíblias no livro de Provérbios, capítulo 3, versículos 1 ao 10: "Meu filho, não te esqueças dos meus ensinamentos e guarda no teu coração os meus preceitos; 2 eles aumentarão os teus dias de vida e te darão mais anos de prosperidade. 3 Pratica sempre a bondade e a lealdade: trá-las contigo como um colar e grava-as no teu coração. 4 Assim terás o favor e o apreço da parte de Deus e dos homens. 5 Confia no Senhor de todo o teu coração: não te fies na tua própria inteligência. 6 Apoia-te nele em tudo o que empreenderes e ele te mostrará como deves agir. 7 Não te julgues demasiado sábio; obedece ao Senhor e afasta-te do mal. 8 Isso será como remédio para a tua saúde: dará força e vigor ao teu corpo. 9 Honra o Senhor com os teus haveres e com os primeiros frutos das tuas colheitas; 10 os teus celeiros se encherão de trigo e os teus lagares transbordarão de vinho."

Neste texto percebemos um pai preocupado com a educação de seu filho. E não só isso, ao que parece, o filho estava se preparando para sair de debaixo das asas dos pais, e estava recebendo algumas recomendações finais. Observo aqui que na época descrita pelo Antigo Testamento não haviam escolas ou faculdades, o ensino, a educação religiosa e também o ensino das profissões ficavam ao encargo dos pais. O pai ensinava o filho e a mãe a filha.

Há um provérbio antigo que diz assim: “O pai que não ensina uma profissão ao filho é o mesmo que se o educasse para ser um ladrão”. Ao longo destes dez versículos não vemos apenas ensinos de um homem sábio, mas um pai desempenhando sua função de pai, a de ensinar seu filho no caminho em que ele deve andar para que jamais se desvie dele (Pv 22.6). Observemos atentamente três destes ensinos:

O primeiro, no versículo 1ss.: o filho deve guardar os ensinos no coração, isto é, na mente, pois isto lhe acrescentará anos de vida e paz. Para a época, ter uma vida longa era a mais preciosa dádiva na vida de um homem. E reconhecia-se que para a obtê-la, era preciso honrar e obedecer aos pais, conforme lemos em Efésios 6.1-3: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.” O pai deixa bem claro que aquilo que ele está falando não é da boca para fora, mas pelo contrário, é de extrema importância para os anos de vida que virão, e desta forma, suas palavras não devem entrar em um ouvido e sair pelo outro.

A segunda instrução que julgo importante observarmos está dos versículos 5 ao 7: “Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te apóie no teu próprio conhecimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal.” Aqui percebemos que o pai reconhece que não sabe todas as coisas, pois ele não fala “confie naquilo que eu te falo”, mas sim, confie em Deus. E com isso também quer afastar do filho o orgulho e a arrogância de pensar poder viver por suas próprias pernas, mas que perceba que não importa o quanto se tenha sabedoria, nada se compara à sabedoria de Deus.

E em seguida, o pai dá o motivo para que o filho assim o faça: isso será saúde para teu corpo e refrigério para a tua alma. O pai como pessoa madura, sábia, já percebeu ao longo de sua vida que a preocupação é algo que causa muitas dores, tanto físicas quanto psicológicas, em especial nos momentos em que não se pode fazer mais nada para mudar a realidade. Por exemplo, uma viagem perdida, uma prova mal sucedida, uma demissão, a perda de um ente querido.

E por último o pai pede que o filho honre a Deus com seus bens e com os frutos de seu trabalho. No português a palavra honrar tem o sentido de prestar homenagem, valorizar. O filho não deve se deixar levar pela soberba, pela ambição, mas reconhecer que também estas coisas são dádivas de Deus, como podemos ver no versículo 10, e também em Mt 6.33: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”

Com relação a honrar a Deus com os bens, lembremos o que está escrito em Lc 18.18-24, na conversa de Jesus com o jovem rico, onde este pede o que mais deve fazer para herdar a vida eterna além de observar a lei, e Jesus lhe responde: vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres que terás um tesouro no céu, e depois vem e me segue. Ao que o jovem rico respondeu? Não sabemos se ele fez aquilo que Jesus lhe pediu, mas no momento ficou entristecido porque possuía muitos bens. A partir deste exemplo podemos concluir que honrar a Deus com os bens é uma tarefa difícil.

E por falar em tarefa difícil, observo o quão difícil é educar um filho nos dias de hoje. Você o educa por mais ou menos 18 anos e espera que tudo o que você fez como pai e mãe não seja em vão. Creio que dar uma boa educação, um bom lar, alimento, roupas à seus filhos sejam a preocupação e desejo de todos os pais aqui presentes. Todas estas coisas são extremamente essenciais, mas retomo as perguntas que os fiz anteriormente: Como tem sido educar seus filhos até o dia de hoje? Como seus filhos os vêem, e como vocês se relacionam com eles? Suas atitudes condizem com aquilo que querem ensinar à seus filhos?

Atualmente encontramos uma enorme quantidade de livros e artigos sobre métodos de como criar ou educar os filhos, cito alguns: "Transforme seu filho até sexta", "Como realmente amar seu filho", "Pai, seu filho precisa de você". E me pergunto: Por que eles se fazem necessários, se ser pai e mãe é algo que acompanha a humanidade desde o seu surgimento? Seria talvez pelo fato de que os pais estão cada vez mais se aperfeiçoando profissionalmente para prover o sustento de suas famílias e ao mesmo tempo esquecendo de serem pais? Essa pergunta talvez possa ser melhor respondida a partir de um estudo da missionária Haidi Wehrmann Reinar que, num artigo, observa o seguinte: durante o período em que a família seguia um regime patriarcal, isto é, era comandada pelo pai, havia certa ausência paterna e materna, pois o homem era responsável pelo sustento da família e a mulher pelas tarefas domésticas e os filhos ficavam sob os cuidados das amas ou escravas.

Porém, com o passar dos anos começou a haver uma valorização da criança, e a mãe toma sobre si a responsabilidade da educação dos filhos, pois o pai estava ausente em virtude de seu trabalho. Já com a revolução feminista, as mulheres reclamaram seus direitos, e com isso também saem de casa para trabalhar, e voltamos ao modelo do período patriarcal, os filhos são entregues ao cuidado de terceiros, e a ausência é tanto materna quanto paterna. Isto é, os pais estão cada vez mais capacitados profissionalmente e menos capacitados para serem pais, a preocupação com o conforto da família faz com que, em especial os homens, se afastem cada vez mais dos filhos por motivos profissionais.

Espero que com isso eu não esteja dando a entender que o melhor seria se apenas um dos pais trabalhasse ou que o trabalho afasta os pais dos filhos. Meu objetivo é fazê-los observar que com o tempo perde-se a dimensão do propósito de trabalhar, isto é, sustentar a família, e o trabalho passa a ser uma obsessão. Este é apenas um dos fatores que influenciam na incapacidade de um pai exercer a função de pai, isto é, a de ser sacerdote espiritual, educador, exemplo, amigo e líder. E é claro que isso não fica sem consequências.

Em resumo, meninas e meninos que quando crianças não receberam ensino de como agir, pensar, amar, se relacionar, se expressar, exercer a sexualidade, e trabalhar, apresentam dificuldades em todas estas áreas. Observo aqui, que a educação dos filhos não é meramente uma questão ética, mas uma tarefa instituída por Deus, como podemos ler em Deuteronômio 6.7: “tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te”.

Não há dúvida de que crianças e adolescentes precisam dos pais para serem educados e possam crescer de forma saudável em todos os aspectos, tanto físico, emocional ou psicológico, tornando-se assim, adultos capazes de se relacionar com seus filhos, e educá-los de forma que o círculo vicioso de crianças perdidas, inseguras e com uma imagem pessoal deturpada seja quebrado. E esta é a resposta da pergunta que fiz acima. Estes livros atualmente tem sido verdadeiros pais para aquele pais que não tiveram exemplo de amor em seus lares. E por meio deles estes pais tem mudado a realidade de suas famílias e a forma como educam os seus filhos.

Muitos atualmente questionam se também os ensinamentos da Bíblia podem ser utilizados para os dias de hoje, o mesmo com relação a educar os filhos com base na Bíblia já que ela não fala nada sobre computadores ou jogos eletrônicos, também nunca li nada sobre “ficar” ou msn. Porém, hoje a partir da leitura de Provérbios 3.1-10 é possível responder que “sim!”, e não só isso, mas também aprender muito com este texto, destaco alguns ensinos:

· O pai como líder da família deve orientá-la e guiá-la para uma vida reta diante de Deus, fazendo um culto doméstico e integrando a Palavra de Deus na vida cotidiana da Família. E na medida do possível, passar tempo com os filhos, realizando atividades que eles gostem.

· Filhos devem observar atentamente aquilo que seus pais lhe dizem. Se falam para chegar cedo em casa, fazer economias, estudar ao máximo, ajudar com as contas domésticas, e tantas outras coisas não é porque simplesmente gostam de encher a paciência, mas também porque as suas experiências de vida proporcionaram saber destas coisas.

· Pais e filhos devem levar uma vida de temor e honra à Deus. Por mais liberdade que tenhamos para viver, é importante que lembremos constantemente de nosso Senhor, que nos protege e nos dá sustento. A isso inclui levar os filhos para dormir, orar com eles, abençoá-los antes de dormir, ou antes de saírem de casa e também ler a Bíblia com eles.

Sendo assim, em todo o tempo, e em todo o lugar, os pais são observados por seus filhos nas suas atitudes. Ser um bom exemplo é fundamental na educação tanto religiosa quanto geral dos filhos. Sem esquecer do fundamento que é o Amor a Deus, pais que amam a Deus levam seus filhos a amarem a Deus por meio de seus exemplos. E é por meio desse amor que a corrente de pais que não sabem como ser pais será quebrada, e uma nova geração de homens aptos para amarem e educarem seus filhos surgirá.

Jardel Jr. Nespolo Estudante de Teologia/FLT

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